quarta-feira, 7 de abril de 2010

IMPORTÂNCIA DAS MASSAS DE ÁGUA DOCE PARA OS ANFÍBIOS

Rela-meridional (Hyla meridionalis)

A água é um recurso estratégico para a Humanidade, pois, permite a manutenção da biodiversidade, dos ciclos naturais e representa uma importante fonte de alimento. Todavia, em resultado das muitas pressões antrópicas a que está sujeito este precioso recurso, em particular as massas aquáticas de água doce, é frequentemente alvo de ameaças que podem pôr em causa a continuidade do desenvolvimento económico e social da população humana, bem como, a longo prazo, comprometer a existência da nossa própria espécie.

Uma situação que está necessariamente associada à manutenção das massas de água doce, mas é, quase sempre, desprezada pela população em geral, e pelos nossos governantes, em particular, diz respeito à conservação das populações de anfíbios que, ao contrário do que se possa pensar, também contribuem significativamente para o bem-estar da Humanidade. Todavia, este grupo de animais vertebrados, enfrenta, de acordo com os especialistas, um declínio global sem precedentes, em resultado da acção conjunta de uma grande diversidade de factores. O declínio, a nível mundial, das populações de anfíbios, inicialmente desprezado pelos herpetologistas, pois, era interpretado como sendo resultado de flutuações populacionais próprias deste grupo animal, é, actualmente, considerado como extremamente gravoso, face às funções evidenciadas pelos batráquios nos ecossistemas, e à sua importância, directa, para a humanidade.

No mundo natural, a batracofauna consegue desempenhar uma grande variedade de papéis, considerados cruciais por muitos especialistas nesta matéria. Um dos papéis que este grupo desempenha, está relacionado com as teias tróficas, pois são seres que actuam como presas e como predadores. Mas os anfíbios também podem constituir importantes indicadores da resiliência e saúde ambientais, a nível global, uma vez que são bons indicadores da poluição devido a utilizarem habitats, quer terrestres quer aquáticos, e ao facto da sua pele ser muito permeável e, consequentemente, muito sensível à presença de poluentes. Os anfíbios possuem, ainda, outra potencialidade, relacionada com o facto de poderem vir a ser importantes fontes de produtos farmacológicos, sendo, inclusive, algumas das substâncias extraídas de anfíbios já utilizadas no fabrico de medicamentos para tratamento de queimaduras, ataques cardíacos ou analgésicos.

Alcides Silva – Projecto “Xévora Vivo”