sábado, 29 de janeiro de 2011

As alterações climáticas e os seus efeitos nas florestas mediterrânicas

As alterações climáticas intensificaram o grau das secas e aumentaram a frequência de longos períodos sem precipitação, o que fez potenciar os efeitos deste factor na biosfera, nomeadamente, na floresta mediterrânica. Esta é uma das principais conclusões de cientistas espanhóis e holandeses, que durante 20 anos (entre 1987 e 2007) estudaram este fenómeno  e publicaram na revista Proceedings of the National Academy of Sciences, a 10 de Janeiro de 2011 (http://www.pnas.org/content/108/4/1474.full).  
Este fenómeno foi registado em Espanha e também se observa em Portugal, a sul do rio Tejo, onde a influência mediterrânica é mais significativa, verificando-se uma redução notável na folhagem das árvores, o que compromete o futuro destes ecossistemas.

A relação é óbvia e fácil de perceber:
- sobrepondo os mapas que representam períodos de secas e respectivas regiões mais afectadas, com os mapas que representam a densidade da folhagem nas copas das árvores, verifica-se uma correspondência nítida na diminuição (perda) de folhagem. As árvores ficam “despidas”;

- a falta de água é um estímulo ao qual, por questão de sobrevivência, é forçoso dar uma resposta que implica um esforço de adaptação às novas condições. Uma das respostas passará por aumento da concentração do ácido abscísico, comportamento típico perante situações de stress hídrico, que fisiologicamente, implica um menor desenvolvimento da planta e uma promoção da abscisão (queda) de folhas e até de ramos ou troncos.  Com a diminuição da água disponível, havendo uma menor área da planta (devido ao menor número de folhagem e de ramos) para suportar, aumenta-se a probabilidade de sustentabilidade do indivíduo e respectiva sobrevivência, até estarem repostas as condições ambientais ideais.
 
Mas quais as reais consequências:
- com o prolongamento da frequência destas condições ambientais, as espécies ficam mais vulneráveis e a sua recuperação pode não ocorrer da forma que o ecossistema necessita, implicando uma diminuição drástica no número de indivíduos e, nos resistentes, uma redução irrecuperável na folhagem;

- as plantas são seres autotróficos que realizam a fotossíntese, sendo as folhas os órgãos privilegiados para a realização das grandes taxas deste processo bioquímico, que retira CO2 da atmosfera. Com a redução da folhagem, ocorre de forma directamente proporcional, uma redução da taxa fotossintética e as florestas assimilam menos CO2 da atmosfera. As florestas absorvem cerca de 1/3 do CO2 produzido nas actividades humanas. O aumento da concentração deste gás na atmosfera, potencia as alterações climáticas e a probabilidade de ocorrência de novos períodos de seca, como é do conhecimento geral;

- as plantas são seres produtores e ocupam o 1.º nível trófico, estando na base das cadeias alimentares, o que implica que nos ecossistemas onde estão integradas estas árvores, ocorre  uma interrupção das cadeias alimentares que sustentam, directamente ou indirectamente, os restantes seres vivos (consumidores e decompositores) associados;

- a diminuição de biomassa torna as florestas menos ricas, a todos os níveis, incluindo económicos, comprometendo a conservação da biodiversidade dos ecossistemas, que fica seriamente ameaçada.

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